Desde muito cedo Nisete Sampaio revelou uma verdadeira alma de artista e um inevitável comportamento não convencional. Desejosa de descobrir o mundo, a artista deixou a cidade onde nasceu em Belém do Pará e se mudou para o Rio de Janeiro. Neste novo ambiente Nisete mergulhou na Filosofia, nas artes e na política em um momento muito importante da história do seu país. Este período marcou a vida e a carreira desta artista única. Sua carreira se desenvolveu em várias direções, das instalações nos anos 70, passando por delicados bicos de pena até a volta à pintura nos anos 80.

Entretanto arte nunca foi seu único interesse. Com sua impressionante capacidade de unir pessoas, ela vem promovendo causas sociais que sempre se expressam através da arte. Da proteção ao legado dos povos indígenas à campanha Arte contra a Fome, Nisete usa a sua inacabável energia e a mesma paixão com que pinta para promover seus ideais.

Embora a arte tenha sempre alinhavado os projetos sociais, sua busca artística se concentrou no terreno do expressionismo e se manteve sempre independente. Após um longo período no qual ela se tornou uma mestra do desenho, Nisete explodiu em cores quando a ordem democrática foi restabelecida no país. Desde então a pintura tem sido a atividade que Nisete desempenha com incansável determinação. O delicado toque dos anos de desenho ainda se encontra nos brancos que flutuam na tela e nos etéreos matizes de algumas obras. Mas é na expressividade contundente e nua das cores que sua pintura encontra sua melhor forma.

Vida e criação artística não se distinguem, nunca andam separadas. É assim que Nisete pinta, sente e vive, sempre com cores de tirar o fôlego.


Samara S. O. Reijnders
AbrahamArt/ The Netherlands

Nisete Sampaio. Atelier, Rio de Janeiro, Brasil.

 

“Fusão – A dimensão de Nisete Sampaio, nesta fase atual, exige contemplação cuidadosa
e delicada para ser captada em seu mistério.
É preciso ver para crer, defrontar-se com o brilho mineral de estrela, nas cores nos volumes, pedras preciosas, esmeraldas, ouro, estalactites que de repente nos surpreendem com sua brancura cristalina de sais que pingam nas cavernas.
Nada é estático. Tudo tem um movimento interior que nos faz recordar à períodos milenários da criação do universo.”

José Mello

(Jornalista e escritor)

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“Ela fala de vistas aérea como o globo iluminado. É verdade, tem muito de Gagarin em seus azuis, jogo de profundidade e relevos.
Mas para mim o impacto de sua pintura está na revelação ao pé de altar, de preces aos pés de santos de igrejas muito velhas.
Sinto pedaços de mantos sagrados pintados sobre madeira, gastos pelo tempo, solenes em suas cores vindas de tão longe, mesclados aos brilhos do ouro, prata e bronze. E aqueles pretos profundos de sulcos, dobras, sombras fascinantes. Ali tudo é sombra e luz. Mistério. Ritmo e mutação. Escuro que entreaberto deixa estourar a luz.”

Teresa Cristina Rodrigues

(Jornalista e produtora cultural)

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Os títulos de suas obras funcionam como elemento facilitador – a chave e o convite despertante àquele que vê, para que adentre ao seu universo, tornando-se enfim aquele que sente. Ao espectador que não puder sentir, fica o gozo pela beleza - sim, estonteante! - não cabe a culpa, “ou toca ou não toca”, já nos sentenciara Clarice Lispector.

Não há contudo inovação para a linguagem como na Literatura vemos com James Joyce – a artista usa tinta, pequeninos pincéis e muitas vezes mãos que afagam ou se desesperam, pintura reconhecidamente abstrato expressionista - mas como em Thomas Mann, encontramos na obra de Nisete Sampaio a observação de coisas profundas e variadas – ou seria o olhar sobre as pequenas coisas, olhar com profundidade sobre detalhes – diferente porém do escritor alemão, a artista encontra o divino, a perfeição - olhar sobre os detalhes.

Nisete Sampaio é leitura e sentido, caminhada, avante sem perder a memória - origem.

Thiago Prado

Artista plástico

Rio de Janeiro, setembro de 2007

 

 


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